27 maio 2006

O TOMATE BOM


Já ouvi muito a história do tomate podre que estraga os tomates bons da cesta. Nunca ouvi a história do tomate bom que torna bons os tomates podres da cesta.

É assim com as frutas. É assim com os homens.

A companhia é determinante em nossa vida. As boas companhias fazem bem à gente. As más companhias fazem mal. Não há como fugir dessa realidade.

Entre adultos, pode-se abrir exceção à regra. Mas será sempre exceção. Enquanto que entre os jovens a regra é geral.

Quem anda com drogado acabará drogado. Quem anda com bebedores acabará sendo um deles. Quem anda com ladrões acabará aprendendo e fazendo o que fazem.

É assim nossa natureza. O homem é social. Ele procura companhias. Ele precisa conviver. Mas ele precisa escolher a convivência. Ele precisa escolher os amigos.

Uma boa amizade é um tesouro para a vida inteira. Uma amizade má estraga e corrompe a vida inteira. Põe tudo a perder.

Nós nos identificamos, sem perceber, com as companhias que freqüentamos. É correta a afirmação antiga: Dize-me com quem andas e te direi quem és.

É inacreditável a ingenuidade com que muitos pais contemplam passivamente os filhos desde cedo freqüentando maus ambientes e más companhias. Acreditam piamente que seus filhos são impermeáveis e imunes ao contágio. Quando surgem os desastres, ficam atoleimados.

Dizem-me que quem não é pai não é capaz de avaliar o que seja educar um filho hoje.

Mas eu conheço pais que conseguem educar filhos hoje. O problema não é o hoje. O problema é o modo de educar.

Todos os pais educam seus filhos no hoje de cada época. E sempre houve os que souberam e os que não souberam educar. Não importando a época. O que sempre importou foi o modo de educar.

Mas hoje, a avalanche dos que não sabem educar é assustadora. Uns casam-se despreparados. Outros entram nos modismos da modernidade e procuram ser atualizados. Outros ainda, obcecados pela sexualidade precocemente explorada, não tiveram a oportunidade e tempo para forjar a própria personalidade e não têm o que transmitir aos filhos.

Ouço pais dizerem que não podem manter os filhos numa redoma. E concordo com a afirmação. Mas por que jogá-los na fornalha? Entre a redoma e a fornalha existe o meio termo da sensatez e da disciplina. Ao que se chega através do diálogo inteligente, franco e firme.

Esta firmeza é o que faz falta. Quem sabe o que quer, luta até conseguir. Quem não sabe o que quer, desiste aos primeiros impactos.

Os filhos sempre pedem liberdade aos pais. Isto começa já na primeira adolescência. E é ai que o problema deve ser enfrentado. E é ai que muitos capitulam, perdem a batalha e comprometem os filhos.

O fato de os filhos pedirem liberdade é natural. O modo de os pais abordarem o pedido e agirem diante deles é que deve ser entendido.

Os pais precisam explicar ao adolescente que liberdade não é presente que se peça e que se receba no Natal ou no aniversário. Liberdade é algo que deve ser conquistado palmo a palmo, na medida da maturidade e na medida em que se comprova essa maturidade.

Todos os pais que abrem cedo demais o espaço da liberdade para os filhos, pagam caro essa imprudência. Logo depois, não sabem o que fazer para conter o desastre. E não há mesmo o que fazer.

O mínimo que os pais precisam saber é aonde os filhos vão e com quem eles andam. E tomar medidas a respeito, quando necessário.

Muitos não sabem aonde os filhos vão e com quem andam. Outros sabem, mas nada fazem a respeito. Preferem comprar a amizade dos filhos com a permissividade. Compram e perdem o que compram.

Depois alegam que educar hoje é difícil...

Eu entendo que educar hoje é o mais empolgante desafio que os pais podem enfrentar. E quando enfrentam, colhem os mais empolgantes resultados.

Mas é preciso enfrentar. Olhar só, não basta.

ZECCHIN, João Baptista. O tomate, o ipê e outras histórias – coletânea de textos nascidos do cotidiano. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. pp160-162.

08 abril 2006

É preciso

É preciso que sejamos da paz, não passivos.

Críticos, não briguentos.

Tolerantes, não conformados.

Ousados, não arrogantes.

Revolucionários, não idealistas.

Alegres, não risonhos.

Observadores, não abusivos.

Humildes, não submissos.

Sábios, não oportunistas.

Criativos, não espertos.

Verdadeiros, não transparentes.

Cidadãos, não indivíduos.

De fé, não hipócritas.

Homens, não projetos de gente.

É preciso ser, não ter.

É preciso precisar.


Maria Lúcia de M. A. Rodrigues (Piracicaba, SP)
"Boletim Salesiano" (março/abril de 2006), pág. 30.

01 abril 2006

O que cantam as crianças



Que canto mais lindo
Que vem pelo ar
Vem vindo de todo lugar
Que canto mais lindo
Que brilho que luz
Encanta me abraça, seduz

Que canto mais lindo
Que força que tem
Que canto que me faz tão bem
Que voz de criança
Que cheiro de flor
Que verde esperança de amor

01 – Eu canto quanto for preciso (preciso for)
02 – Eu canto porque nunca vai ser demais
03 – Eu canto a liberdade, eu canto o amor
04 – E eu pela felicidade e a paz


05 – Eu canto pro poeta e pro sonhador
06 – Eu canto só de ver o verde jardim
07 – Eu canto aquela velha rima com flor
08 – E eu porque cantar é tão bom assim

_____________________________

09 – Eu canto pra espalhar o dom de viver
10 – Eu canto por aqueles que não tem pão
11 – Eu canto por amor aos que vão nascer
12 – Pra quem maltrata a terra, não canto não

13 – Eu canto até pra quem não quer me escutar
14 – Eu canto pelos que perderam a voz
15 – Eu canto por todos que vão se encontrar
16 – E eu por uma coisa dentro de nós

Música gravada pelo “Grupo Balão Mágico” por volta de 1985 / 1986

Composição de José Luis Perales

24 março 2006

Se a criança

Se a criança vive com críticas, ela aprende a condenar.

Se a criança vive com hostilidade, ela aprende a agredir.

Se a criança vive com zombarias, ela aprende a ser tímida.

Se a criança vive com humilhação, ela aprende a se sentir culpada.

Se a criança vive com tolerância, ela aprende a ser paciente.

Se a criança vive com incentivos, ela aprende a ser confiante.

Se a criança vive com retidão, ela aprende a ser justa.

Se a criança vive com elogios, ela aprende a apreciar.

Se a criança vive com aprovação, ela aprende a gostar de si mesma.

Se a criança vive com aceitação e amizade, ela aprende a encontrar amor no mundo.

Fonte: Folhinha do Sagrado Coração 2005
Editora Vozes. www.editoravozes.com.br
PARA REFLETIR:
• E as nossas crianças, como vivem?

===

22 março 2006

O Menino e a Tartaruga

Um garoto de oito anos e o avô de sessenta passeiam pelos campos.

O garoto vê uma tartaruga e se aproxima.

A tartaruga, ao ver o menino, recolhe-se no casco.

O menino, com uma vara, põe-se a bater no casco da tartaruga. Mas ela não se mexe. Parece uma pedra.

O avô fala:

– Escute, você não vai conseguir nada agindo assim. Quanto mais você bater, mais a tartaruga se recolherá em sua casa. Vou ensinar como fazer.

Alguns minutos mais tarde, os dois voltaram para a casa e o sábio avô coloca a tartaruga junto à lareira.

Logo, ela põe a cabeça para fora.

Adaptado de:
Itamar Vian
Sabedoria da Vida - Histórias que ensinam
Editora Santuário, 5ª edição, página 11.

Para pensar:
1) Por que enquanto o menino bate na tartaruga ela não se mexe?
2) Por que quando a tartaruga fica perto da lareira ela põe a cabeça para fora?
3) O que resolve os problemas: a violência ou o calor do amor? Por quê?
4) E você, como trata as pessoas: com violência ou com amor?

22 fevereiro 2006

Como fazer um delinqüente

Como fazer um delinqüente

Comece na infância a dar a seu filho tudo o que ele quiser. Desta forma, quando ele crescer, acreditará que o mundo tem a obrigação de lhe dar tudo na mão.

Quando ele disser nomes feios, ache graça. Isso o fará considerar-se interessante.

Nunca lhe dê orientação religiosa. Espere até que ele chegue aos 21 anos e decida por si mesmo.

Apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapatos, brinquedos, roupas. Faça tudo para ele, para que ele aprenda a jogar sobre os outros toda a sua responsabilidade.

Discuta com freqüência na presença dele. Assim não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde.

Dê-lhe o dinheiro que quiser. Nunca deixe ganhar seu próprio dinheiro. Por que terá ele de passar pelas mesmas dificuldades que você passou?

Dê-lhe todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. Negar pode acarretar frustrações prejudiciais no futuro.

Tome o partido dele contra os vizinhos, contra os professores e contra os policiais. Todos Têm Má Vontade Com Seu Filho.

Quando ele se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa: NUNCA CONSEGUI DOMINÁ-LO.

Prepare-se para uma vida de desgostos. Este é o seu merecido destino.

= = = = = = =


"EDUQUE O JOVEM NO CAMINHO A SEGUIR, E ATÉ A VELHICE ELE NÃO SE DESVIARÁ."
(Provérbios 22,6)

"O vermelho é uma proibição positiva: salva vidas e preserva o direito do outro. A moral funciona como um semáforo: mais permite que proíbe, contempla o direito de todos e regula as relações humanas em função de um projeto maior que é o amor fraterno."
(Padre Zezinho, do livro " Católicos serenos e felizes: entre nós é assim ...", Paulus Editora)

13 fevereiro 2006

A Mangueira e o Capim

A Mangueira e o Capim

Numa planície havia uma mangueira grande e bela. Fazia uma enorme sombra. Os passarinhos gostavam de fazer os ninhos em seus galhos ou, morando em árvores de outros lugares, sempre paravam na mangueira para descansarem durante o vôo.

Embaixo da mangueira havia capim baixo e tímido. Estava ali encostado, quase com medo de que alguém pisasse nele.

A mangueira era muito metida e falava com arrogância. Olhava para o capim baixo e dizia:

– Coitado! Ainda bem que estou aqui para protegê-lo dos raios do Sol...

O capim estava de acordo. Rezava agradecendo a Deus pela mangueira e pedia que ela se tornasse sempre maior. Ele queria sentir-se cada dia mais protegido e ajudado pela mangueira.

O capim não tinha percebido que continuava pequeno, magro, sem forças e doente porque as grandes raízes da mangueira chupavam toda a seiva da terra e os longos galhos, cheios de verdes folhas, impediam que recebesse raios de Sol...

VIAN, Dom Itamar.
"Bebendo nas Fontes do Povo"
Paulus,

26 janeiro 2006

Textos Meditativos - Índice

Atualizado em 26/07/2011.
Blog "Textos Meditativos"

Textos para meditação cotidiana. Tema: educação e religiosidade.


Este índice tem por objetivo facilitar a busca por textos publicados neste blog. Por isso, cada novo post terá seu link aqui. Seguimos a ordem alfabética, a partir da primeira palavra válida do nome do texto.



• Amigo é (música)

• Amor cicatriza feridas, o

• Apesar de você (videomúsica)

• Assembleia na Carpintaria

• Cantam as crianças, o que

• Casa dos mil espelhos - Depende de nós (vídeo com áudio)

• Cenouras, ovos e café

• Cobra e o Vaga-lume, a

• Criança, se a

• Cuida de Mim


• Depende de nós (letra e vídeo)
 
• Depende de nós - Casa dos mil espelhos (vídeo com áudio)

• Direito da Criança (vídeo musical e letra)

• Delinqüente, como fazer um

• Dom Bosco, eduquemos com o coração de

• Dom Bosco, uma singela homenagem (vídeo com som)

• Fazendo a Diferença

• Guarda-chuva amarelo

• Lição da Vida

•Macaco Zombador, o

• Mangueira e o Capim, a

• Marcas do que se foi (vídeo musical)

• Menina e o Pássaro Encantado, a

• Menino e a Tartaruga, o


• Menino e a Tartaruga, o (Video complementado com a música "Vida")

• Menino e as Uvas, o

• Milho Bom

• Parábola do Lápis (vídeo)


• PARA HAVER PAZ

• Paz é fruto da justiça - Campanha da Fraternidade 2009 (vídeo do hino)

• Paz é fruto da justiça - Campanha da Fraternidade 2009 (vídeo com proposta pedagógica)

• Peneiras, as três



• Pensamentos do Educador Dom Bosco


• Preciso, é

• Presente, o

• Quatro velas, as


• Raiva secar, deixe a

• Ratoeira

• Saiba florescer de novo

• Sapo Fervido (Parábola, Síndrome do)

• Semente do Amanhã (video música e letra)

• Sol, um novo (música)

• Sonho de Dom Bosco aos 9 anos

• Stop Estupidez

• Tempo e o Relogio, o

• Tomate bom, o


• Vida


• Zumbi dos Palmares

Outros textos para meditação estão disponíveis em "Salve, Maria - Cantinho de Meditação".

Procure também, no índice lateral deste blog, os endereços de outros sites e blogs.

27 dezembro 2005

O amor cicatriza feridas

O amor cicatriza feridas

Jorge Lorente.

A região estava coberta pela neve. O frio era insuportável, principalmente à noite, quan­do a temperatura atingia seu ponto mínimo.

Nas tocas, nos abrigos mal veda­dos e úmidos, muitos animais não re­sistiam ao frio e acabavam morrendo. Algo precisava ser feito urgentemen­te: caso contrário, todos morreriam. Foi quando alguns animais, instinti­vamente, perceberam que, mantendo se bem juntinhos uns aos outros, bem próximos entre si, era possível resis­tir e viver. A solução era permanecer juntos para absorver o calor uns dos outros. Mas essa alternativa parecia impossível para a comunidade dos porcos-espinhos, pois estes se fe­riam quando ficavam muito próximos daqueles que lhes davam calor.

Começou ai a confusão. O calor tinha um preço muito alto. Aquecer­-se, significava também receber arra­nhões, ferimentos. Poucos aceitaram a idéia. Diante dos doloridos espi­nhos, os mais nervosos e individua­listas irritaram-se, afastaram-se dali, e morreram congelados.

Outros, no entanto, foram mais pacientes, e tomaram cuidado para não ferir e não sair feridos. Eventuais espinhadas eram, imediatamente, se­guidas de pedidos de desculpas: as­sim, tolerando-se mutuamente, per­doando e pedindo perdão, permane­ceram juntos e sobreviveram. O sacrifício preservou a vida.

Assim é a vida em comunidade, assim é a amizade e a vida familiar. Temos tanto calor para dar, e uma ne­cessidade maior ainda de receber; no entanto, somos incapazes de convi­ver com as feridas provocadas pela proximidade da convivência. Como é insuportável a dor causada pelo espi­nho do outro, não percebemos como são afiados nossos próprios espinhos.

Com vontade de sobreviver e de re­ceber calor, procuramos o próximo com toda a nossa força, sem a menor preo­cupação de quanto estamos ferindo.

Uma coisa é certa: é impossível resistir ao inverno e à frieza do mundo sem união e sem amor. O perdão é o único remédio capaz de cicatrizar as feridas provocadas pela convivência e a tolerância é o sacrifício necessá­rio para preservar a vida.

Se com os irracionais deu certo, não vejo por que precisa ser diferen­te com os donos da razão. Sejamos, portanto, racionais. Ser racional é acre­ditar no amor. É crer no Deus da Uni­dade, que conhece nossas limitações e vive a expectativa de ver este seu pedido realizado:

"Que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em mim e eu em Ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste" (João 17, 21).


O Mensageiro de Santo Antônio.
Santo André: Associação Antoniana dos Frades Menores Conventuais.
Ano XLVIII – n.10 (dezembro de 2005), p.19
www.omensageiro.org.br

Lição da Vida

Lição da Vida

Padre Mauro Vilela, C.Ss.R

Um senhor foi atropelado e morre. Este senhor nunca achou importante experimentar o amor incondicional de Deus a nós. E, conseqüentemente, não tinha descoberto em sua vida como viver as conseqüências do amor de Deus: Viver e Crescer na Comunidade, ajudando os outros a serem mais felizes.

Sua alma chega ao Paraíso.

– Bem-vindo! – disse São Pedro. – Mas há um problema: como você não quis experimentar e viver o amor de Deus na vida, por liberdade e vontade própria, nós lhe damos a liberdade de experimentar o tanto que nosso Deus é bom, aqui, ou lhe damos a liberdade de ir para outro lugar. Você decide!

Respondeu o homem:

– Bom, eu gostaria de passar um dia no Inferno e outro no Paraíso. Para que eu possa decidir que lugar é melhor.

São Pedro o acompanhou até o elevador, que desce até o Inferno.

A porta se abre e ele vê um lindo campo de golfe. No clube, estão todos os seus amigos. Eles o cumprimentam, jogam uma partida descontraída e depois comem e bebem coisas fias. O diabo, um cara muito amigável, passa o tempo todo contando piadas.

Ele se diverte tanto que, sem perceber, já é hora de ir embora. Todos se despedem com abraços e acenam enquanto o elevador sobe, sobe...

A porta se abre outra vez: São Pedro o espera para a visita ao Paraíso. Antecipadamente, o homem decide que não quer ver o Paraíso. O Inferno é tudo o que ele queria. Por isso, diz a São Pedro:

– Olha, São Pedro, o Paraíso deve ser bom, mas pelo que vi, fico melhor no Inferno.

São Pedro recomenda:

– Não seria interessante você passar um dia conosco, para ver a beleza que é aqui?

O homem responde:

– Se ficar um dia aqui, perderei um dia de Inferno. Prefiro ir.

– Seja feita a sua vontade! Você tem a liberdade de escolher – disse São Pedro.

Daí o elevador se abre, o homem entra e desce mais uma vez ao Inferno, agora para ficar eternamente. A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio, cheio de lixo. Os amigos, com as roupas rasgadas e sujas, catam o entulho e colocam em sacos pretos. O diabo o recebe e passa o braço ao redor de seu ombro.

– Não entendo – gagueja o homem. – Ontem havia um campo de golfe, muita comida, bebida... Agora só vejo lixo e meus amigos arrasados!

O diabo sorri ironicamente e diz:

– Ontem estávamos em campanha política. Agora já conseguimos o seu voto!

Revista de Aparecida: Espaço Deus Conosco.
Aparecida do Norte: Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Ano 4 – n.46 (janeiro de 2006)
www.santuarionacional.com.br

06 dezembro 2005

A Menina e o Pássaro Encantado

A Menina e o Pássaro Encantado

(Rubens Alves)

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...

Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.
"– Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você..".

E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro. Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.
"... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes." E de novo começavam as estórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouví-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre. Mas chegava sempre uma hora de tristeza.

"–Tenho que ir", ele dizia. "- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar....".
"–Eu também terei saudades", dizia o pássaro.
"–Eu também vou chorar. Mas eu vou lhe contar um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisada saudade, aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar." Assim ele partiu.

A menina sozinha, chorava de tristeza à noite, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.
"- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".
Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.
"– Ah! Menina... Que é que você fez?
Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias... Sem a saudade, o amor irá embora..." A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar. Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo...Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola."- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...".

"- Obrigado, menina, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar..."

E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia."- Que bom", pensava ela, "meu pássaro está ficando encantado de novo...".E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos..."- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje..." Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.

AH! Mundo maravilhoso que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento.- Quem sabe ele voltará amanhã.... E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

Fonte: Site da Comunidade Católica Shalon (http://www.comunidadeshalom.org.br/interatividade/entretenimento/parabolas/menina.htm ) em 06/12/2005

Sobre o autor, Rubem Alves, visite o site "A Casa de Rubem Alves": http://www.rubemalves.com.br/

Dedico o texto acima aos professores e alunos que estão passando pelo processo de finalização do ano letivo. Que seja um momento de saudades, na esperança de reencontro no ano seguinte. Dedico em especial, aos alunos que tive em 2005. Abraços fraternais.

28 novembro 2005

Assembleia na Carpintaria


ASSEMBLEIA NA CARPINTARIA

Contam que na carpintaria houve, certa vez, uma estranha assembleia.
Foi uma reunião de ferramentas para "acertar as suas diferenças".
O MARTELO exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar. A causa? Fazia demasiado barulho: e além do mais, passava todo o tempo "golpeando". O MARTELO aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o PARAFUSO, dizendo que ele "dava muitas voltas" para conseguir algo.
Diante do ataque, o PARAFUSO concordou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da LIXA. Dizia que ela "era muito áspera" no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. A LIXA acatou, com a condição de que se expulsasse o METRO, que sempre "media os outros, segundo sua medida", como se fosse o único perfeito.
Nesse momento, entrou o CARPINTEIRO! Entrou, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o MARTELO, a LIXA, o METRO e o PARAFUSO. Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembleia reativou a discussão.
Foi então que o SERROTE tomou a palavra e disse:
"Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com 'nossas qualidades', com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, concentremo-nos em nossos pontos fortes".
A assembleia entendeu que o martelo era FORTE, o parafuso UNIA e DAVA FORÇA, a LIXA era especial para limar e AFINAR ASPEREZAS, e o metro era PRECISO e EXATO. Sentiam alegria pela oportunidade de trabalharem juntos.
Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando busca, com sinceridade, os pontos fortes dos outros, florescem as "melhores conquistas humanas".
É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.
Mas encontrar qualidades... isto é para os sábios!!!
Autor Desconhecido


Revista de Aparecida, ano 1, nº 12,
março de 2003, Ed. Santuário,
Caixa Postal 41 CEP 12570-970
Aparecida do Norte - SP
www.santuarionacional.com.br   
Fonte: http://salvemaria.sites.uol.com.br/carp.htm

Atualizado em 18/01/2010, com o vídeo correspondente. Link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=YEsaEGDa3GQ 

23 novembro 2005

Pensamentos do Educador Dom Bosco




Alguns pensamentos fundamentais do Educador Dom Bosco para os Educadores de todos os tempos:


"Tenhamos presente que se a força pune o vício, não cura o vicioso. Assim como não se cultiva uma planta tratando-a com aspereza e violência, assim não é possível educar a vontade sobrecarregando-a com um jugo pesado demais".

"O Educador entre os alunos procure fazer-se amar se quer fazer-se respeitar".

"A familiaridade gera o afeto e o afeto produz confiança. Isso é que abre os corações".

" Se queremos saber mandar, temos primeiro saber obedecer, procurando impor mais com o amor do que com o temor".

"Cheios de paciência e de caridade, aguardemos, em nome de Deus, o momento oportuno para corrigir os alunos". "Não castigue ninguém no próprio instante em que se cometeu a falta".

"Que sua língua não fale uma só palavra enquanto tiver o coração agitado".

"Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não e não tem proveito algum para quem as merece". "Pensem sempre naquilo que Deus pode dizer de vocês, não naquilo que de vocês, bem ou mal, podem dizer os homens".

Fonte: Blog "Cantinho de Meditação" - Repensando a Educação através de uma prática

Para haver paz

       Para Haver Paz

Lao-Tsé (século VI)

 

Para haver paz no mundo,

deve haver paz nas nações.

 

Para haver paz nas nações,

deve haver paz nas cidades.

 

Para haver paz nas cidades,

deve haver paz entre vizinhos.

 

Para haver paz entre vizinhos,

deve haver paz em casa.

 

Para haver paz em casa,

deve haver paz no coração.

 

Fonte: http://www.npd.ufes.br/textos/texto11.htm   em 16/11/2005.

O Tempo e o Relogio

          Certa vez, o tempo e o relógio se
encontraram (embora estejam todo tempo juntos).

          O tempo, revoltado há muito tempo, disse
ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha
guardando.

          Que ele, tempo, tinha saudades daqueles
tempos em que não existiam relógios e todo mundo
tinha tempo. Mas, quando o homem, ingrato, fabricou
o relógio que começou a marcar tempo, ninguém mais
conseguiu ter tempo. O homem ficou reduzido a
horas, minutos e segundos.

          "Antes, naqueles bons tempos" - disse o
tempo - "todo homem tinha tempo de curtir a
natureza. Viviam com o sol de dia, dormiam com a
lua à noite".

          "Quando a lua caprichosa não queria
aparecer, era um bando de estrelas que piscavam
brincalhonas, dando tempo para o sol nascer".

          "Mas agora, nestes tempos, ninguém mais
tem tempo de ver se a lua vem sorrindo para a
direita ou para a esquerda, se está de cara cheia
ou de mau humor, sem querer aparecer".

          O tempo prosseguiu com um sorriso de
tristeza.

          "Antigamente - que tempos! - os homens
nasciam no tempo certo em que tinham de nascer. Não
havia incubadora para os fora de tempo nem
cesariana para os que passam do tempo. A natureza
sabia, em tempo, quando era tempo. Hoje, o homem já
obedece a você, mesmo antes de nascer. Os médicos
estão apressados e sem tempo para perder".

          O relógio só ouvia e, apressado,
prosseguia no seu tic-tac sem tempo de retrucar,
com medo de se atrasar.

          "Noutros tempos" - disse o tempo - "o
homem crescia sem pressa, com tempo de amadurar.
Comia sem ter horário, dormia quando tinha sono.
Fazia amor ao relento, como flores que se beijam,
como aves que se aninham. Envelhecia aos
pouquinhos, como um calmo entardecer. Depois,
dormia o sono profundo e, no outro despertar,
abraçava-me com carinho, no infinito...no
infinito...".

          O tempo enxugou uma lágrima, talvez de
orvalho. A voz que estava embargada, tomou uma
conotação de revolta:

          "Hoje, vai logo para a escola e traz para
casa um horário. Quando aprende a ler as horas
ganha do pai um relógio e, assim, ensinam-lhe bem
cedo a maneira mais correta de nunca ter tempo na
vida".

          O tempo não se preocupava mais com o
tic-tac do relógio que nada retrucava para não se
atrasar. Continuou a sofismar com voz mais branda.

          "Come apressado, sem tempo. Dorme ainda
sem sono, pois, de manhã bem cedinho, você começa a
gritar arrancando-o da cama, quando ainda queria
dormir".

          "Amor? Nem sei se ainda faz... há gente
que nem tem tempo. Quando faz é no zás-trás. Quando
vê, já envelheceu, sem ver o tempo passar".

          "Na hora do sono profundo, enterram-no
apressados, para a vida continuar. E no outro
despertar, chega tão abobalhado que não consegue me
achar".

          Ao relógio, sem poder nunca parar, só
restava se calar.

          Além do sentimento de culpa que passou a
carregar, a partir desse tempo, quando bate as doze
badaladas no silêncio da meia-noite, o canto é tão
melancólico que até parece chorar.

Recebido por e-mail.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...